Nesta semana comemoramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A campanha visa levar orientação e conhecimento a respeito dos Transtornos do Espectro do Autismo [TEAs] e assim, contribuir para o cuidado e o respeito às pessoas portadoras destes transtornos.
O Autismo faz parte de um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento nomeados Transtornos Globais do Desenvolvimento [TGDs], Transtornos Invasivos do Desenvolvimento [TIDs] ou Transtornos do Espectro do Autismo [TEAs]. A definição atualizada do espectro Autista incluiu os quadros antigamente conhecidos como a Síndrome de Asperger [ou autismo de alto funcionamento], o Transtorno Desintegrativo da Infância, Síndrome de Rett e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.
Este grupo de transtornos tem em comum o comprometimento de três áreas específicas do desenvolvimento: a. habilidades sociais; b. habilidades comunicativas [verbais e não verbais]; e, c. presença de comportamentos, interesses e/ou atividades restritos, repetitivos e estereotipados.
Cada pessoa apresenta sinais e sintomas diversos dentro destas três grandes áreas, com gravidades e potencialidades diferentes. Por este motivo, é fundamental o diagnóstico cuidadoso e atento para cada particularidade, para cada pessoalidade. O diagnóstico deve ser fundamentado nos critérios reconhecidos e estabelecidos pela Classificação Internacional de Doenças [CID-10] e feito por uma equipe multidisciplinar de profissionais habilitados [que pode incluir psicólogo, neurologista, pediatra, psiquiatra e fonoaudiólogo].
Normalmente os primeiros sinais do Transtorno do Espectro aparecem nos primeiros anos de vida e o diagnóstico preciso pode ser concretizado a partir dos 3 [três] anos de idade. Por isso, ao se observar quaisquer alterações no desenvolvimento inicial de uma criança, é fundamental procurar um especialista para tirar quaisquer dúvidas. Alguns dos sintomas presentes no Espectro Autista são comuns também em outros transtornos do desenvolvimento, por este motivo, é sempre importante procurar um especialista para auxiliar no diagnóstico diferencial.
Vale lembrar que outros quadros podem ocorrer concomitantemente aos Transtornos do Espectro do Autismo. O atraso intelectual está presente em 60 a 75% das crianças diagnosticadas com autismo. Em adolescentes e adultos com autismo de alto-funcionamento é comum observarmos quadros de depressão e ansiedade comórbidos, ou seja, associados. Hiperatividade, atenção hiperseletividade, baixa tolerância à frustração e impulsividade, bem como comportamentos autodestrutivos, agressivos e perturbadores ocorrem também com certa eventualidade. É comum observar também respostas sensoriais e perceptuais peculiares, incluindo hiper ou hiposensibilidade a estímulos sonoros, visuais, táteis, olfativos e gustativos, além de alto limiar para a dor física e um medo exagerado de estímulos comumente considerados inofensivos. Dificuldades relativas ao sono e à nutrição são igualmente corriqueiros. Em alguns casos, verifica-se a presença de transtornos convulsivos, epilepsia, ou mesmo irregularidades neurológicas.
Cabe pontuar que o diagnóstico preciso e cuidadoso não visa rotular a criança, mas, sobretudo fornecer possibilidade de tratamento e acompanhamento adequados que favoreçam o desenvolvimento e a inclusão da pessoa.
Buscar e proporcionar conhecimento adequado é sempre a melhor forma de ajudar!