Uma boa saúde acrescenta vida aos anos

Smile - por Alexander Ivanov

Diante do fato de que em poucos anos a população do mundo terá mais pessoas acima dos 60 anos que crianças com menos de 5 anos de idade, no último sábado, dia 7 de abril, a Organização Mundial da Saúde [OMS], convidou nações e seus líderes a se engajarem em ações efetivas que cooperem para um envelhecimento saudável da população.
A campanha do último sábado [o Dia Mundial da Saúde] teve como slogan “Uma boa saúde acrescenta vida aos anos”, cujo objetivo foi abordar e divulgar recursos que contribuam para que homens e mulheres tenham uma vida plena e produtiva ao longo de toda a sua existência, inclusive na velhice. Mais que prolongar os anos de vida, a preocupação atual é “acrescentar” saúde aos anos vividos, de modo que as pessoas sejam ativas em todas as fases de sua existência, pois ter uma vida mais extensa nem sempre significa uma vida mais saudável ou com maior qualidade.
Várias são as ações sugeridas pela OMS, como a criação e a implementação de estratégias que reduzam os problemas crônicos de saúde nos idosos [como as doenças cardíacas, câncer, diabetes e pulmonares crônicas], a adoção de medidas simples e economicamente viáveis para lidar com esses quadros [como o incentivo ao cuidado com a própria saúde desde a infância], além do estímulo de visitas periódicas aos profissionais da saúde para minimizar impactos de patologias, pois quando descobertas inicialmente possuem melhor prognóstico. Outro ponto significativo é o empenho para se reduzir o preconceito para com a velhice e incentivar o respeito às pessoas idosas. Isso é feito no dia-a-dia e com a mobilização da sociedade, melhorando os espaços físicos, criando instrumentos de transporte mais adequados e atendimentos de saúde específicos, além de outras tantas possibilidades.
No entanto, possivelmente o grande passo dado pela OMS ao debater esse tema no seu Dia Mundial da Saúde é propor que olhemos para a própria vida de uma maneira diferente. Ao lembrar que não basta estender a vida infinitamente, mas que é preciso fazê-lo com qualidade, respeitando e discutindo os direitos fundamentais do ser-humano – como a preservação de sua dignidade, a manutenção de seus laços sociais, fica estabelecido que saúde é muito mais do que uma fisiologia funcional – é um conceito que abarca uma admirável complexidade.
O homem é sua biologia, é sua mente, é seu trabalho, é sua família, seus laços e tudo mais que ele valorizar. Na verdade, arriscamos a dizer que essa é uma boa definição, o homem pode ser definido por aquilo que ele valoriza.
Portanto, ao procurar estabelecer cuidados elementares, ao manter em pauta a preocupação com a terceira idade, a OMS busca resgatar o valor de tal fase da vida, que vem se tornando cada vez maior. Já não estamos falando simplesmente de alguns anos, mas de significativos anos, que precisam ser vividos em sua plenitude. Esse é um chamado para aqueles que se encontram nessa fase, mas também para todas as outras fases.
Por isso, a pergunta que fazemos é: O que podemos fazer para viver melhor com aquilo que temos condições de conseguir hoje? Como viabilizar uma vida plena para os idosos com os quais encontramos e para todas as pessoas? Pois uma vida plena é aquela em que hoje mesmo encontramos, com os recursos que dispomos, meios de viver com gosto. É a vida compartilhada nas coisas simples e belas, é vivenciar um bem-estar completo, pleno.
Cabe citarmos, ainda, um aspecto muito importante para a saúde em todas as fases da vida e que é bastante simples de conseguirmos: os vínculos afetivos. Existem evidências que apontam para a importância das amizades sólidas tanto para a prevenção, quanto para o bom prognóstico da maioria das patologias. As pessoas que possuem vínculos consistentes possuem ainda mais recursos para lidar com as intempéries da vida. Ou seja, quanto mais compartilhada a vida, com laços sólidos e não tênues encontros [como muitos virtuais tendem a ser – veja bem, dissemos tendem não é lei!], quanto mais enlaço social, mais rede de suporte, mais vida compartilhada. Esse é um ponto que vale ser cultivado com nossos queridos avós, faz bem para todos.
Como estamos tecendo nossas relações, cuidando de quem é significativo? É de maneira saudável? É com qualidade? Tem um sabor? Tem vida? Esperamos que sim!