Encontros que pedem consciência

 

Curious - Spring Johnson - de sxc.hu

O que nos permite alçar novos níveis de consciência? Essa é uma pergunta de caráter místico que possui, no entanto, um valor prático inegável. Parece paradoxal, mas não é. Ter consciência de alguma coisa é ser capaz de responder a essa coisa, não como um reflexo espontâneo, mas com a ação direta daquele que sabe por que age. Vamos ficar então com esta simplória noção de “ser consciente”, ser capaz de agir em função de uma reflexão. Consciência aqui não é ação perdida por ser impulsiva, nem apenas caraminholas que vão se acumulando ao sótão da mente.

Voltamos então à questão: o que nos faz alcançar novos níveis de consciência? O que nos faz ficar mais conscientes? Maior conhecimento e mais ação. Ambos juntos. E esta pontuação, acreditamos, faz enorme diferença na data de hoje: Dia Nacional da Consciência Negra. Uma data que tem uma bela história dentro do conjunto brasileiro de histórias, que homenageia um grande ícone de nossas conquistas por uma sociedade mais justa. Porém, tudo isso pode ser meramente conhecimento, meramente reflexão, “tema de escola”, coisa que se estuda no primário e só. Isso não é ter consciência. Do mesmo modo, só militar pelos direitos, partir para o campo de batalha na data de hoje, erguendo bandeiras e clamor sem saber o que reivindicar tampouco é ter consciência.

A data de hoje pede que saibamos a profundidade de ter em nosso calendário um dia para lembrar do negro próximo. É porque ele já foi esquecido. E é porque ele ainda é esquecido, negligenciado, aviltado. Mas pede de nós também as ações por um mundo mais justo, mais respeitoso, mais pleno de Direitos.

Pede de nós maior consciência, pois ela não só nos enleva a um novo patamar. A consciência nos enrola numa colcha só, a colcha da irmandade. Não somos exatamente iguais, não somos gêmeos, não adianta dizer que não existe essa coisa de preconceito, que diferença também não existe nenhuma[!], preto e branco tudo é igual no final das contas. O problema é quem paga a conta.

Não é isso que vai fazer com que respeitemos as nossas diferenças, com que as entendamos. Negar nos afasta, mentir nos ludibria e nos coloca para trás. Pois bem, nós somos irmãos porque ultrapassamos as diferenças, que existem sim, para olhar para o que importa: o nosso encontro.

O nosso encontro pede de nós admiração pela história, pede reflexão, e pede também braços abertos, pede ação. O encontro nos pede consciência.

 

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