O desafio de cultivar sonhos: Dia da Educação

No dia 28 de abril é celebrado o Dia da Educação. Por mais que o dia não seja assim tão lembrado, nunca é demais se dedicar ao tema. Mesmo porque esse assunto já vem por si só recheado de grandes expectativas, pré-conceitos, críticas e tudo mais… São números e muita discussão que mostram que a educação é há algum tempo um desafio para o nosso país [Jorge Werthein], mesmo durante e os paradoxos infinitos ficam mais evidentes à medida que o Brasil segue seu ritmo de crescimento [Estadão.com].

Existe um sólido e muito oportuno ponto que gostaríamos de abordar nesse Dia da Educação. Daremos enfoque a ele confiantes de que todos os outros pontos que englobam a educação estão sendo debatidos também em outros locais, com a mesma eficiência [Todos pela Educação 1; Todos pela Educação 2; Panorama da Educação 2010; O Brasil em Números].

Não há como deixar de considerar o tema Criatividade quando se pensa em Educação. Criatividade pode ser, genérica e ruidosamente descrita como a habilidade de criar, ao passo de que a Educação é a ação de cultivar, de aparar o terreno. Tudo que brota carece de um terreno que possa frutificar. Ou seja, a Educação pode preparar o terreno para a expressão basal da Criatividade que todo ser humano possui.

 

Hands Shadow - Homero Chapa. Fonte: StockVault

Ninguém jamais discordaria que uma criança é um ser imaginativo, de extensa criatividade. Volta e meia uma criança nos surpreende com o alcance de sua imaginação, expressão natural dos nossos olhos curiosos e criadores, nossos olhos humanos. A infância é o reino da imaginação, da criatividade. Está assim mesmo n’O Pequeno Príncipe, eterno clássico de Saint-Exupéry:

 

« As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor ».

 

E tal qual o personagem d’O Pequeno Príncipe muitas crianças são levadas a deixar de lado essa criatividade genuína para se dedicar a formalidade do mundo. Não há duvidas de que em grande parte a educação tem uma influência significativa aí. Não se trata de deixar de lado a educação formal, de dizer que ela não é importante. Na verdade, trata-se de uma questão de justiça, de olhar para a educação mais largamente do que o campo do formal ou informal – esses são termos frios, coisas de “gente grande”, e acabam desrespeitando os maiores interessados – a educação é o campo do humano, e responde à necessidade do formal como a do informal. Tudo é educação.

O desenvolvimento humano é algo dinâmico, fluído. Portanto, a educação precisa acompanhar esse tom. Assumimos aqui a mesma terminologia que Sir Ken Robinson [conheça este perfil em português ou acesse o site do próprio Robinson aqui, em inglês]: a educação precisa ser orgânica, precisa ser pensada como um terreno preparado para o desenvolver de potencialidades. Robinson percebe que a educação se tornou extremamente massiva, negligenciando os recursos humanos que são típicos de cada pessoa, em nossa imensa potencialidade de ação, desejo e conquista.

Recomendamos em muito assistir essa palestra de Robinson, feita no TED em 2010. Trata-se da “continuação” de uma conferência feita em 2006 [também disponível no site do TED], mas em 2010 suas idéias se tornam ainda mais firmes, além de dosadas com seu característico bom humor.

Para nós, assumir uma nova postura, uma inovação, na educação é um desafio. Educar é cultivar, é serenar um terreno cheio das mais diversas formas e disposições. Mas trata-se de uma dedicação cotidiana, de contribuições infinitas e mesmo pequeninas. Por isso cada um pode fazer algo, para auxiliar que paixões e sonhos tenham a força para nos surpreender. Nós queremos uma educação assim. E você?